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sábado, 19 de janeiro de 2013

Conto: O mistério das Velas

"Há mais mistérios entre o Céu e a Terra do que sonha a nossa vã filosofia."
(William Shakespeare)

Era noite e as duas irmãs voltavam da casa da avó, contando piadas e fazendo planos para o futuro. A mais jovem, adolescente, levava a conversa da outra na brincadeira, enquanto sua irmã, falava sério numa atitude própria da idade dela. De repente, Bebel atravessou a rua correndo para susto de Juju que gritou apavorada:

- Sua louca, quer morrer, é?
- Que nada! Você é que é medrosa demais! Disse gargalhando Bebel.

E assim as duas prosseguiram na avenida movimentada, entre faróis que emitiam luzes multicores e barulhos de carros acelerados naquela sexta-feira de um tempo em que a violência não era tão grande e permitia passeios noturnos sem riscos de assaltos onde as paqueras ocorriam sem complicação de forma bem simples. Foi então que ao passarem pela primeira ponte, um rapaz desconhecido se insinuou a Bebel:

- Oi, gatinha, vamos tomar um sorvete?
Bebel prontamente respondeu:
- Oi, vamos? Mas tem que ser agora! Onde? Respondeu com um sorriso largo.

Juju nem deu tempo para o rapaz responder,  agarrou no braço da irmã e foi logo dizendo:
- Não, não vamos não,  já está ficando tarde e estamos com pressa. 
O rapaz sorriu e seguiu seu caminho sem insistir, enquanto Juju admoestava a irmã que vivia deslumbrada com a vida:

- Bebel, você não pode ficar dando confiança pra esses caras que nem conhece! Já pensou se for um tarado? É perigoso, ah, se a mamãe sonhar que você vive aprontando!
- Vixe, a gente só ia tomar um sorvete, Juju! A noite está quente, estou suando e não bate um ventinho, que mal tem em tomar um sorvete, hein? 
- Um sorvete aqui, um beijinho ali e logo começa um namorico. Você sabe muito bem que se a mamãe souber, vai te dar uma surra daquelas e tem mais, a hora é de estudar não de pensar em namoro.
- Você é muito fechada, sabe, Juju? É por isso que está encalhada. Ahaaa, pisei no teu calo, né? Mas essa é a verdade, estudar é uma coisa e namorar é outra.

Bebel realmente tocou no ponto fraco da irmã que deu de ombros e a olhou com desprezo. Elas foram seguindo pela avenida movimentada, quando um carro parou perto delas e o motorista visivelmente embriagado, ofereceu carona; Juju imediatamente olhou com uma cara bem feia para a irmã que entendendo o recado, segurou mais firme ainda no braço dela.

Por fim, chegaram ao fim da ponte. Elas entrariam pelo fundo do quintal da casa, pois na rua da frente havia muitos usuários de drogas que mexiam ousadamente com qualquer mulher que passasse pelo local, dando beijos afoitos ou passando as mãos nas partes íntimas de forma inconveniente.

No entanto, o pequeno trecho que as meninas deveriam seguir era muito escuro, havendo apenas um casebre abandonado há muito tempo e muitas árvores antigas; desta forma, ninguém se atrevia a passar por ali à noite, devido ao aspecto fúnebre da paisagem a qual metia medo.


Apesar disso, Juju e Bebel preferiam ir por esse caminho visto que não suportavam o assédio dos viciados. Então, no fim da ponte, desceram uma escada rústica de madeira apressadamente e como sempre, Bebel quebrou o silêncio entre ambas, falando de seus planos para o futuro e esse assunto agradava a irmã que queria apenas um futuro melhor para a ladina Bebel.

Conversa vai, conversa vem, de repente, elas passam na frente do casebre e Bebel, que sempre foi de levar as coisas na brincadeira, ficou séria  e disse à irmã:
- Juju, não sei por qual motivo, detesto velas acesas, principalmente numa escuridão dessa, eca, me lembra defunto!
- Também não gosto, quem será que acendeu estas duas velas aqui?
- Sei lá, Juju, isso deve ser coisa de algum macumbeiro, vamos embora.

 E foram andando às pressas. Por algum motivo, Bebel parou e olhou para trás, falando nervosamente:
- Juju, cadê as velas? As velas sumiram, Juju!
- Que nada, deixa de besteira, o vento apagou. Vamos embora é que é!
- Não, eu vou ter que ir lá, se o vento apagou, os tocos da vela estão lá!
- Teimosa! Vai, eu fico esperando aqui, eu não vou não.
Bebel voltou á frente do casebre, retornou às pressas,  gargalhando e concluiu:
- Juju, não tem marca de velas, corre que é coisa do outro mundo e disparou em desabalada carreira.

A irmã correu também, rapidamente, chegaram no muro do quintal, pularam o muro, sem nada comentarem com os pais; silenciosamente tomaram banho e adormeceram. Na madrugada, o pai das meninas tinha o costume de passar pelos quartos para ver os filhos dormindo, e assim fez. Ao voltar para a cama, perguntou à esposa:
- Você e tuas manias, hein, Teté? Por que diabos você acendeu aquelas duas velas ao lado das camas das meninas?
- Quem, eu? Eu mesma não acendi nada não! Está louco, homem? Vou lá ver.

Dona Teté foi e voltou, afirmando:
- Não disse? Não há velas nenhuma, vai dormir, homem!
- Eu tenho certeza que vi, respondeu preocupado, o pai.
- Se você tem certeza, pode ser algo espiritual, Deus queira não seja  notícia ruim porque ninguém está livre de uma perversidade. Não comente nada com elas sobre o que viu. 

E assim, dormiram profundamente sem terem explicação do que significaria o aparecimento daquelas velas misteriosas.
 

4 comentários:

  1. Olá,

    tudo bom. sou eu o Koyama novamente. muito legal o seu blog. Percebi que tenho os mesmos interesses que vc: pedagogia, psicologia, psicopedagogia e alguma coisa de teologia. Hey se puder, manda o seu contato do gmail para andre.koyama@hotmail.com

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  2. Olá, gostei muito do seu blog. Percebi que temos interesse nos mesmos assuntos: pedagogia, psicologia, psicopedagogia, teologia. Se puder, manda o seu contato do Gmail pra mim: meu email é: andre.koyama@hotmail.com ou andrekoyama@mp.sp.gov.br

    Tentei responder para o seu email do yahoo mas nao consegui.

    bjs e parabéns pelo blog : )

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  3. Oi, Koyama ... obrigada. Vou entrar em contato com vc em breve.Beijos

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    1. Koyama: estou sendo cautelosa ao me comunicar com alguém. Explico: já tentaram roubar esse blog, roubaram a minha conta e através do meu email pessoal, um grupo que atua no Yahoo desde 2006, se fez de amigo e roubou minha conta do yahoo e danificou meu computador com vírus. Tive que comprar outro pc e isso para uma professora é caro. Aguarde um pouco, pois ainda estou traumatizada. Beijos

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