Arquivo do blog

sábado, 17 de novembro de 2012

SUS ... Sua Última Saída

Imagem: internet

Madruguei para a consulta de rotina de todo final de mês. Já havia muitas pessoas à espera mas ainda consegui uma poltrona isolada, tratei de me acomodar nela e comecei a ler uma revista que trazia na bolsa. 

Um ventilador enorme  soprava por sobre a minha cabeça, então, aos poucos quedei num sono profundo, indiferente à espera que teria que enfrentar.

Quantas horas passaram? O sono, irmão da morte, não tem relógio, por isso, não conta horas. Despreocupada, só despertei devido ao alarido de vozes exaltadas e palavras de baixo calão que ecoavam no local. Nesta hora, o hospital já estava com uma fila enorme, sem fim.

 A discussão se dava entre um paciente, enfurecido e um funcionário, atendente, mais enfurecido ainda. Ambos pareciam duas carroças, descendo uma ladeira ingreme. Nesse instante, os demais pacientes,  despertos da letargia da espera, observavam curiosos, o desenrolar do conflito.

No balcão onde o funcionário estava, havia uma placa com os dizeres: "seja paciente, espere a sua vez."  Como a discussão estava a um ponto de terminar em agressão física, fui até eles e conversei com o funcionário extremamente descontrolado emocionalmente.

O funcionário muito tenso afirmou: "esse fdp me ameaçou e eu não estou aqui para aturar abuso de pacientes." Olhei firme para o funcionário e disse que quem deveria ser mais paciente e educado era ele, pois o homem parecia sofrer de distúrbios mentais.

Ele alegou que o sujeito o havia desacatado e que isso não ia ficar assim. Depois se virou a mim, e me disse alguns desaforos. kkkkkkkkk.  

Agora era eu quem estava no fogo; numa paciência de Jó, expliquei a ele que também era funcionária pública mas diferente dele, sabia controlar situações de tensão porque tinha feito um curso de Relações Humanas e era exatamente isso que faltava a ele.

Afastei-me dali e voltei a esperar, agora em pé visto que uma idosa ocupou a poltrona onde eu estava. É um absurdo o que vemos nesses atendimentos do SUS: pessoas despreparadas para atender o público, mal humoradas e sem educação, com raras exceções, até parece que são donas do hospital.

Saí de lá perto de 14 e 30. Depois de ser atendida, cansada e com muita dor de cabeça e distante dali, ainda olhei para trás e senti uma pena danada do povo que estava na fila,  esperando por um atendimento que talvez nem acontecesse a contento. Lindo sábado a todos.

sexta-feira, 16 de novembro de 2012

Amarga Espera



"Não gosto da dor, da dor da espera, mas espero atentamente o crescer das rosas belas."
(Sara Melyssa)

No trânsito parado,
as horas passavam
no engarrafamento geral.
Do carro vi as pessoas,
de olhos angustiados,
nos semblantes estampados
na agonia da espera.
A espera é sempre longa ...
Não há choro nem vela
e a gente se desespera!
Há espera no trânsito,
e eu me canso tanto:
dá espera no consultório ...
dá infinda espera no banco.
E a espera pelo pagamento?
É sempre espera estática,
o mês é longo, é um tormento.
Ainda há uma espera
que nos maltrata também:
é aquela quando estamos
esperando por alguém.
Esperamos pra nascer,
esperamos pra crescer
e no final de tudo,
esperamos pra morrer.
A dor desta existência
é vista nos olhos cansados,
nas vozes dos explorados,
ou no grito dos amordaçados
dos que padecem calados.
Assim segue a multidão,
numa espera dolorosa,
cantando dolente canção.
Também sigo perfilada
por esta vida incerta,
me perguntando assustada:
- quando se finda esta espera?

quinta-feira, 15 de novembro de 2012

Regressando ao Trabalho: o Sabazinho


Segunda-feira voltei ao trabalho. A escola é muito grande, dá pra ver a reserva florestal no início dela mas não o final da escola. Esta rua é muito perigosa, principalmente à noite por ser deserta; assaltos são feitos constantemente e os marginais chegam de moto. Paralela a reserva, há uma outra rua. Construída num terreno em declínio, para entrar, há uma escada e rampa para moto. 

O estacionamento fica de frente para o bairro Campo Dourado, numa rua agitadíssima, a rua E, no lado oposto a esse muro. No projeto original esta escola teria dois andares, mas foi entregue assim. O nome Sebastião Norões da escola é uma homenagem a um poeta daqui. Nós, professores, o apelidamos de Sabazinho.

Aqui é a quadra, como é muito grande, geralmente  os torneios das escolas são feitos aqui. No fundo é o pavilhãoda cozinha com refeitório.

Esse corredor começa na rua paralela à reserva e termina numa outra rua paralela. Aqui funciona o Ensino Médio à noite. À tarde, de quinta a nona série. Há na escola quatro pavilhões desses.

Entre os pavilhões, pequenos locais para plantas. Hoje é feriado e na escola só ficam os seguranças. Aos poucos, vou mostrando a vocês a biblioteca, a sala de informática e o refeitório. Um beijo Chove muito por aqui.


terça-feira, 13 de novembro de 2012

Os Excluídos

"A caridade é o amor, é o sol que nosso Senhor fez raiar claro e fecundo; alegrando nesta vida a existência dolorida dos que sofrem neste mundo."
(Casimiro Cunha)


No mundo repleto de indiferença,
saio a vagar, observando as pessoas,
aqueles que são pobres de nascença
e que passam pela vida, andando à toa.
Pelas cidades - os desabrigados,
andam ao léu com suas vestes rotas
alienados, seguem conformados,
imergidos nesta vida um tanto louca.
Bem perto observo os favorecidos
que desfilam sem nem ter piedade,
dessa gente humilde, os excluídos
que vivem à margem da sociedade.
Menores também passam revoltados,
submersos nessa vida de sabor tão acre,
juntos, às criancinhas vão no mesmo barco
sem fé, sem crença, não crêem em milagres.
Passo a refletir sobre os desalmados
que insensíveis não fazem caridade
não se sensibilizando com os  necessitados
que são nossos irmãos e fazem parte da humanidade!

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

Poesia: Dia da Consciência Negra

 Imagem: Internet

Eles foram de suas terras deportados
para o trabalho imposto, sofrível, inigualável,
deixaram suas terras, chegaram algemados,
e foram humilhados de forma implacável.
No corpo traziam as marcas da dura violência
que traduziam o requinte da perversidade,
deixadas pelos brancos em forma de advertência,
afim de que nenhum tentassem lutar por liberdade.
O tempo foi passando e o sofrimento aumentou
tendo o eco de suas dores se espalhado pelos ares,
até que um guerreiro de brio se revoltou,
fugindo e criando o quilombo dos Palmares.
Outros negros fugitivos, ali se abrigavam,
sabedores do quilombo, chegavam mais e mais,
junto a Zumbi mais fortes se tornavam,
vivendo num local onde todos eram iguais!
Os outros cativos com o suor de seus rostos trabalhavam
de sol a sol, com um patrão carrasco e hostil.
Sim, foram os negros quem impulsionaram,
a grandeza dessa pátria imensa que é o Brasil!
No dia 20 de novembro de 1695,
Zumbi foi morto valentemente em combate,
defendendo o seu povo, acreditando firmemente
que independente de cor, todos mereciam viver em liberdade.
Comemoramos anualmente o dia da Consciência Negra,
no mesmo dia, mês e ano em que Zumbi foi assassinado,
visando eliminar todo o  preconceito
que ainda está em muita gente enraizado.

By: Scarlet
: onselectstart='return false'