Cedinho, pulei da cama, rapidamente dei uma olhada na hora: cedíssimo, seis da manhã em ponto! Corri para o banheiro e parei por instantes à frente do espelho. A imagem que vi refletida, era de dentro da alma, parecia sorrir serena pra mim e era bela e límpida. Depois, como sempre faço, abri a janela para saudar mais um dia e contemplar a natureza.
O dia estava nublado e uma brisa meio fria, passou as mãos pelos meus desalhinhados e loiros cabelos. Tudo estava calmo e ameno, nem os passarinhos faziam algazarra, então entendi que quando o tempo se fecha, há silêncio na mata por parte dos animais em respeito à natureza.
Ainda assim, eu estava em paz, apesar do amanhecer denso de nuvens negras, sabia que o sol estava apenas oculto e ainda que uma chuva forte chegasse, ele sempre voltava, aquecendo corações e almas, vencendo as trevas da escuridão de cada dia.
Esse é um ritual que faço dia a dia, quando, logo cedo, dedico esse tempo para mim; voltei ao banheiro e aquela primeira imagem já havia desaparecido - é sempre assim, a primeira imagem que vejo logo ao acordar parece ser minha alma, retornando pra casa, depois de passear, enquanto eu dormia.
O corpo precisa de descanso e a alma também. Tenho pra mim que enquanto dormimos, ela se liberta do corpo visto que no sono, estamos em estado de semi morte, inconscientes. Meditações à parte, fui cuidar do exterior, escovei os dentes.
Ah! que delícia de gosto de menta! Passei um líquido adstringente e fiz a limpeza de pele, depois o creme... Nossa, como eu me senti bem, ao cuidar do lado de fora. Agora, os ponteiros do relógio passavam das sete e trinta e o dia ficou claro, o sol mais uma vez dissipou nuvens de escuridão e os passarinhos começaram a cantar!
Até os filhotinhos de sabiás cujos ninhos estão no forro do teto de minha casa, cantaram forte, exigindo o café da manhã. E então, eu vim pra cá, pro meu cantinho, registrar este início de dia, me sentindo leve, bela, por dentro e por fora.
Scarlet Wind
