Calmamente, cheguei para completar mais uma semana de trabalho à noite. Durante o dia, foi um verdadeiro corre-corre, como sempre, eu precisava entrar serena sem levar problemas para esse turno.
Usava uma blusa com flores na barra, lindíssima e um short jeans que me deixava muito à vontade. De repente, vem o Gabrielzinho correndo ao meu encontro e me dá um abraço caloroso e um beijo suave no rosto.
Sorri e disse: Hummm ... Como você está, Gabriel? Bastou isso, Gabrielzinho é menino de muitas leituras, por isso, sempre tem muitos "causos" para me contar. Caminhamos juntos, então, até a cozinha. Eu faria o meu ritual de sempre: conversar com a D. Rai, a expert em lanches e cafezinho da escola.
Gabriel apartou-se de mim e foi para o seu treino de Capoeira, um projeto em andamento da escola. Hiper estressada mas sem demonstrar, tomei meu cafezinho e depois de jogar conversa fora com D. Rai fui à secretaria pegar as chaves da minha sala. Eu teria muito trabalho pela frente.
Enquanto isso, pensava na prova que terei que fazer dia 26 e quase não estudei. A mãe do Gabrielzinho, a diretora, soltou uns elogios aos meus olhos,à maquiagem discreta, e a vestimenta que eu usava.
Agradeci, paguei o meu consórcio e fui para a minha sala. Choveu muito e como a escola fica ao lado de uma reserva florestal, fazia frio. Uiiiiii .. Comecei a me arrepender da roupa que usava que em nada me aquecia.
Comecei o trabalho, a despeito das preocupações, fazia a a minha parte, colocando uma pitadinha de amor no trabalho. O ambiente é muito bom, no entanto, eu já pensava na correria que seria a segunda-feira.
Ainda envolta em pensamentos, dirigi-me à sala de mídia e prossegui trabalhando, agora em outra sala, um pouco mais distante das outras, o colégio é enorme. Sozinha, com meus pensamentos e trabalhando, a hora voava silenciosamente no meu pequeno jardim noturno.
De repente, soou a campa da merenda. Merenda na nossa escola, é janta e janta de primeira qualidade, feita pelas mãos abençoadas de Dona Rai. Como eu queria adiantar o trabalho que se acumulava, fiquei por ali mesmo, nem lembrei de ir ao refeitório.
Quando estamos ocupadas, fazendo aquilo que gostamos, o tempo passa voando e entre flores, a hora voava. Logo soou a campa novamente - era o fim da merenda. Silêncio total, eu ouvia apenas o canto estranho de animais vindos da reserva. Foi então que Gabrielzinho bateu à porta ofegante, querendo entrar.
Passo a chave porque não é bom ficar isolada com a porta aberta. Eu sabia que Gabrielzinho vinha me ajudar de alguma forma, ele sempre fazia isso. Ali era o nosso paraíso e nós costumávamos dar boas gargalhadas no meu jardizinho da noite. Apenas respondi: abra, Gabriel, eu não passei a chave porque já estou de saída.
Com a voz apreensiva, Gabriel respondeu: "não consigo, está fechada! E eu respondi: hummm .. Não acredito que você não consiga abrir a porta, Gabriel." Então fui abrir a porta para ele e a porta não estava fechada, no entanto, não conseguíamos abrir. A criança ficou extremamente nervosa e saiu correndo, em desespero gritando alto que eu estava presa na sala de mídia! kkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkkk.
Eu estava com frio .... Brummmm ... e extremamente calma. Logo, um bocado de voluntários, tentavam abrir a porta. Os alunos noturnos, também não conseguiram abrir a porta, para desespero de Gabriel. E agora? Uuuuuuuuu ... pensava eu: gente, que que é isso? Eu estou presa mesmo!
Então, Gabrielzinho foi chamar o segurança da escola e ele falou que a língua da porta estava travada. Para minha sorte, o segurança conseguiu destravar e depois todos nós sorríamos daquela sexta onde eu havia ficado presa mas sem ter medo nenhum.
Fiquei depois pensando na atitude de Gabriel, sempre preocupado comigo e demonstrando um carinho todo especial carinho de criança, não tem preço: é puro, é doce, não tem igual.
Scarlet Zan Mayara