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sábado, 20 de outubro de 2012

As Drogas num País sem Fronteiras


Acordei ainda meio atônita com os últimos acontecimentos que aconteceram por aqui. Vi a chuva caindo forte, escurecendo o dia. Já era tarde e nem fiz café, preparei o almoço e enquanto arrumava a mesa, solitária, lembrei do Chulé.

Todos os dias em que eu voltava meio tarde da escola, no horário noturno, lá estava ele com sua roupa branca e seu colar colorido de contas; ele era negro e tinha os cabelos bem enrolados, sendo que os cachos caíam abundantes no semblante, lembrando o povo baiano mas Chulé era amazonense.

Daí, na noite escura, ele vinha a meu encontro, sempre muito educado, pegava na minha mão e dizia: "boa noite, professorinha, sempre na luta, né?"  Eu respondia calmamente: "sim, Chulé, é preciso trabalhar para sobrevivermos, né, rapaz?". 

Então ele me levava até a encruzilhada porque dizia ser perigoso passar por ali em altas horas. Eu agradecia porque sabia que aquele local era ponto de drogas.

Contam que Chulé era filho de um jornalista, acostumado a denunciar os grandes e por causa disso, fora assassinado e seu assassinato se constituiu numa daquelas mortes arquivadas por faltas de provas. 

Bem, deixando isso de lado, o fato é que onde Chulé me via, vinha a meu encontro esbanjando alegria, exibindo um sorriso lindo.

Viciado em drogas, há dois anos atrás, Chulé foi assassinado e segundo dizem, por dívidas com o tráfico. Lamentei muito a morte de Chulé e todas às vezes que passo pela encruzilhada, é impossível não recordá-lo. 

Nesse mês de outubro, outras duas mortes por causa de drogas aconteceram na rua onde moro. Diferentemente da morte de Chulé, esses vizinhos conhecidos eram traficantes.

A violência que atinge a cidade  me faz lembrar dos tempos de filmes de faroeste, terra sem lei cuja defesa da população era uma arma. 

É notório que atualmente, muitos querem a legalização das drogas, contudo, cá aqui do meu cantinho, penso que legalizar as drogas significa legalizar o tráfico que tantas mortes tem causado a culpados e inocentes, enquanto os grandes chefões, protegidos nos seus casarões enriquecem à custa do sofrimento de muitas famílias.

Num país imenso como o Brasil cujas fronteiras são praticamente livres, pois o contingente parco de militares não dá para evitar a entrada e a saída de traficantes, querer legalizar o uso de drogas é dar poder total aos traficantes e deixar a sociedade  à mercê do terror. 

A propósito, no terror da violência já estamos e tudo indica que daqui para a frente a tendência é piorar, isto porque o comércio das drogas é um grande negócio para os poderosos que não possuem mais escrúpulos nem amor pela humanidade. 

Para tais pessoas, o importante é enriquecer cada vez mais, mesmo que para isso precisem matar todos os que se meterem à frente deles. O amor que eles possuem parece ser ao dinheiro. 

Assim, a vida humana aos olhos dos traficantes não têm nenhum valor. Dessa forma, só resta pedir a Deus que nos proteja e nos livre desse caminho tortuoso e sem volta que conduz a muitos ao inferno: as drogas. Lindo sábado a todos.

sexta-feira, 19 de outubro de 2012

Cortando o Coração


Logo ao acordar, vi que já era um pouco tarde; tenho dormido muito e isso é bom porque relaxa a mente e acalma os nervos; fiz um café e suco de maracujá rapidinho e fui à padaria. Ao atravessar a perigosa encruzilhada ouvi alguém falar: professora! Automaticamente olhei.

Era uma mulher que há cinco anos atrás, era uma aluna adolescente. Quase não reconheci Marina, ela estava amadurecida aparentemente e trazia consigo três criancinhas: um bebê e duas meninas numa faixa de três a cinco anos. A alegria foi grande, nos abraçamos matando saudades.

Marina parou de estudar, saiu de casa e nem terminou o ensino fundamental. Bem ao lado da minha casa há um posto de saúde e ela veio consultar uma das crianças, o bebê, que estava doentinho. Apesar dos conselhos que dei na época para que terminasse os estudos, Marina desistiu.

Então ela me contou que a situação dela não estava nada boa, morando numa invasão com três crianças, sem estudos e sem trabalho, pois não tinha com quem deixar os filhos e o rapaz com quem vive também não terminara os estudos.

Eu olhei-a nos olhos e disse: Marina, falta de conselho não foi, esse assunto sempre debati com vocês na sala de aula. Ela sorriu timidamente como a assentir o que eu falara. Assim me despedi, desejando boa sorte, abraçando-a e ao me virar para ir embora, ela disse: espere!

Ao voltar-me,  meio envergonhada, ela explicou que não tinha nada para servir às crianças no almoço e me pediu dez reais para comprar uns pedaços de frango para fazer uma canja. 

Essas situações me cortam o coração, peguei o que tinha na carteira, naquele momento eu estava com quinze reais. Ela agradeceu muito e se foi. 

Por um momento, fiquei ali, parada, recordando aquela adolescente linda e alegre que conheci e fiquei muito triste por naquele momento, ter apenas os quinze reais na carteira. 

Como educadora, tenho tido sucesso na orientação das meninas mas não com unânimidade, domingo por exemplo, veio um ex aluno me visitar que já havia sido preso por causa de drogas. Outra garota, veio pedir leite para o bebê. Todos provenientes de classes sociais muito carentes. 

Marina não é a primeira nem será a última e isso me deixa meio que sem ação porque costumo acompanhar a mesma turma de quinta a nona série. Criamos um laço de amizade grande e isso é inevitável - mas não desisto e insisto ano após ano, mostrando a eles que sem os estudos e uma profissão, se aventurar a ter filhos, é condená-los a serem também sofredores. O resultado no geral tem sido positivo mas há exceções como a de Marina que me cortam o coração.

terça-feira, 16 de outubro de 2012

Ofício: ser Professor

"Se não fosse imperador, desejaria ser professor. Não conheço missão maior e mais nobre que a de dirigir as inteligências jovens e preparar os homens do futuro."
(D. Pedro II)

Ontem estive lembrando da minha época de escola. Tudo era muito difícil, tanto para alunos quanto para professores. Mas eu na minha inocência de crianças tinha profunda admiração e ainda tenho pela classe daqueles que são escadas e trampolins na vida profissional das pessoas: os professores.

Dia dos professores é uma data especial sim. Passamos quatro anos numa faculdade para poder ir ministrar aulas a futuros profissionais. A rotina do professor é muito estressante e má remunerada. Trabalhamos horas extras sem gratificação financeira, laborando arduamente até em três turnos.

Quando chega o terceiro horário, o estresse é total: alunos cansados da lida diária e professores idem. Para mim, o gratificante é o fato de passarmos um ano convivendo com as pessoas, fazendo amigos e mesmo sem querer, adentrando nas particulares das vidas dos alunos.

As crianças nos tornam um pouco mães, os adolescentes, alguém com quem podem desabafar, o mesmo acontecendo com os adultos. Isso acontece quando os professores procuram ser democráticos e não podam a iniciativa do aluno de se achegarem a eles.

Desta forma, somos um pouco psicólogos e se me apego a meus animaizinhos que tenho em casa, que dirá com seres humanos? A nossa função não é só transmitir conhecimento mas também interagir com os educandos numa troca de experiências.

Convivemos é verdade, com certos dissabores da profissão que são os ossos do ofício mas a mim ser professora está no sangue, apesar do descaso que somos tratados pelos governos que entram e saem sem nos dá uma remuneração justa. 

Hoje, mesmo atrasada, meu carinho e abraço vai a essa classe que não desistiu de sonhar com um mundo melhor para todos, mediante os seus ensinamentos: os professores. 

Eles merecem nosso reconhecimento e admiração por abraçar tão grande causa num país onde a política não valoriza a educação mas é só por meio dela que se formam cidadãos conscientes e críticos os quais no futuro poderão mudar essa mentalidade egoísta de governantes que visam a manuntenção da ignorância para fins eleitoreiros. 

domingo, 14 de outubro de 2012

Abandono ...

Imagens: internet
Não há sensação mais dolorosa que a sensação de abandono. Quando ocorre na infância, ele pode produzir traumas irreversíveis para o resto da vida, caso não seja tratado por psicólogos competentes. Uma criança abandonada será um adulto problemático, povoado por fantasmas do passado.

Em várias fase da vida, podemos passar pela provação do deserto do abandono. Isso é muito comum na fase adulta,  ocasião em que não raramente somos repelidos por alguém, pior ainda acontece, no momento em que todas as setas do mal nos atacam e olhamos pra todos os lados e não encontramos ninguém para nos ajudar. Quantas vezes me senti assim?


Por várias vezes tive essa nítida impressão de que estava só ...  e contava somente com a minha inteligência e a força dos meus braços .. eu e uma longa estrada pela frente de desafios.  Embora me sentisse só, sem apoio de ninguém, mantinha a fé viva em Jesus,  segurando a angústia da alma.

Sim, nestes momentos cruciais que passei, somente Jesus para entender o que eu sentia visto que Ele mesmo foi abandonado por seu melhor amigo, depois por um povo o qual tantos milagres fez e pelo próprio Deus. 

Tendo vindo a terra como ser humano para pagar nossos pecados, Jesus teria que sentir as nossas dores e entre elas está a dor do abandono pelo que na hora de aflição clamou:  

"Eli Eli Lamá Sabactâni."


Tais palavras escritas em aramaico significam: "Deus meu, Deus meu, por que me desamparaste?" Esse foi o ápice do sofrimento de Jesus, quando o próprio Deus lhe virou o rosto porque neste momento, Jesus carregava sobre si o peso do pecado da humanidade e Deus tem horror ao pecado.

“Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Porque Deus enviou o seu Filho ao mundo, não para que condenasse o mundo, mas para que o mundo fosse salvo por Ele”.
(João 3: 16 e 17)

Neste domingo, acordei pensando nas situações de abandono pelas quais já passei; pensei nas crianças abandonadas, na mulher que foi desamparada com filhos para criar, lembrei dos velhinhos deixados nos asilos ou maltratados pela família e pensei no abandono de Jesus na cruz. 

O abandono de Jesus que poderia pedir naquela hora um exército de anjos para destruir a todos, significa o triunfo do mestre na cruz carregando o nosso pecado e de nossos antepassados porque naquele momento:

 "Certamente, ele tomou sobre si as nossas enfermidades e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus e oprimido. 
(Isaías 53:4)


Então, a todos que por qualquer motivo acordaram tristes, deixo esta mensagem de ânimo: não somos só nós que sofremos, todos sofrem, mas um dia todo essas fases de tristezas e pranto findarão haja vista que esta é a promessa feita nas escrituras sagradas:

“E lhes enxugará dos olhos toda lágrima, e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras cousas passaram.” 
(Apocalipse 21.4)

Portanto, não há mal que dure para sempre. Deus nos guarde neste dia e paz a todos os que sofrem, sabedores de que com fé em Jesus, dias melhores virão. Lindo domingo a todos. 

Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Isaías 53:4
Verdadeiramente ele tomou sobre si as nossas enfermidades, e as nossas dores levou sobre si; e nós o reputávamos por aflito, ferido de Deus, e oprimido.
Isaías 53:4
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