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domingo, 14 de junho de 2015

O vestido de Laura - Cecília Meireles - Interpretação




Lindo? A Cecília Meireles foi professora e poeta da segunda fase do Modernismo . Não, eu não errei, ela não gostava de ser chamada de poetisa, mas sim de poeta. Ela fez parte da corrente literária chamada "Espiritualista" a qual trocaria mais tarde pela tendência neo-simbolista, ou seja, poemas com musicalidade, os quais lembravam a musicalidade dos poemas simbolistas.  A poesia de Cecília é intimista e  reflexiva, seus temas estão voltados para a percepção de que tudo passa e então essa passagem do tempo dissolve as ilusões, os amores e o próprio corpo. Ela nasceu no Rio de Janeiro e seu pai faleceu três meses depois que ela nasceu e a mãe faleceu quando ela tinha três anos, foi, pois, criada pela avó, D. Jacinta. Casou-se com o pintor português Fernando Correia Dias com quem teve três filhas: Maria Elvira, Maria Mathilde e Maria Fernanda - artista teatral de sucesso. Infelizmente, o esposo suicidou-se e cinco anos depois, ela se casaria com o professor e engenheiro agrônomo Heitor Vinicius da silveira. Já deu para perceber que sou fã da Cecília. Nascimento: 1901. Falecimento: 1964.


O VESTIDO DE LAURA


O vestido de Laura
é de três babados,
todos bordados.

O primeiro, todinho,
todinho de flores
de muitas cores.

No segundo, apenas
borboletas voando,
num fino bando.

O terceiro, estrelas,
estrelas de renda
-talvez de lenda...

O vestido de Laura,
vamos ver agora,
sem mais demora.

Que as estrelas passam,
borboletas, flores,
perdem suas cores.

Se não formos depressa,
acabou-se o vestido
todo bordado e florido.

INTERPRETAÇÃO


Esse poema foi feito em sete estrofes de três versos, chamados tercetos e é fácil compreender o que o eu lírico quis transmitir. Observamos que o vestido de Laura é composto de três babados, cada babado possui bordados diferentes. O primeiro babado tem flores de muitas cores, como bem gostam as crianças.  O segundo apresenta borboletas em bandos que nos lembram a fase da adolescência, aquele tempo em que a maioria da garotada gosta de andar  em grupo e o terceiro, a terceira idade representado pelas estrelas de renda como bem gostam de tecer as nossas vovós ou de lendas. Sim, lendas reportam a um tempo passado, muito antigo, tempo vivido que não voltará jamais. No quinto terceto, subtende-se um convite a viver o hoje: "O vestido de Laura, vamos ver agora, sem mais demora". A conjunção explicativa "que" inicia a sexta estrofe e explica por que devemos aproveitar a vida (carpem diem): o tempo corre depressa, as estrelas passam, borboletas e flores perdem a cor e de repente, tudo se acaba. O vestido de Laura é a vida de todo ser humano: começo, meio e fim.


 Lindo domingo a todos.



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