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sábado, 19 de maio de 2012

Paciência e Serenidade na Dor


Cada um reage de uma forma diferente diante da dor; quando essa dor é na alma devido a sucessivas decepções, uns se retraem e presos no sótão da mente não conseguem superar o trauma, tornando-se tristes, pessimistas, sem vislumbrarem uma saída no labiriinto da vida.

É então preciso sair desse condicionamento mental, esquecer o passado e viver intensamente a vida com suas alegrias e desgostos. Não podemos nos abater só porque encontramos em determinado momento da vida pessoas erradas e o certo é viver sem fazer grandes expectativas diante das pessoas pois  nada é perfeito, além disso, o nosso bem estar não deve ser colocado nas mãos dos outros.

Cada um se comporta diferente também nas dores físicas; uns ficam irritados, mal humorados, difíceis de lidarmos com eles.

Quinta- feira foi um dia atípico, fazia muito calor e não senti apetite. Final da tarde, fui à escola e cheguei às 18 horas. Não estava me sentindo bem.

Como o expediente começa às 19 horas, fui direto para minha sala, passei a chave na porta; estava frio por causa de dois potentes condicionadores de ar, então fiz uma fileira de cadeiras e me deitei, esperando a campa bater. A campa é forte, tipo de carro de polícia, lá de casa dá para ouvir.

Adormeci pesadamente e só acordei porque caí das cadeiras ao fazer um movimento como se estivesse na minha cama. 

Imediatamente pensei: será se as câmeras estão ligadas? Mas que feio isso! Quando levantei, tudo rodava e devagarinho fui para minha mesinha.

Destranquei a porta, andando com dificuldades. Já passavam das 20 horas. Tive uma queda de pressão seguida de uma forte dor de garganta. 

Fui à cozinha pois o lanche da escola é refeição e eu precisava comer algo salgado. O pessoal ao me ver ficaram surpresos, pensavam que eu havia faltado. Exatamente neste dia, o lanche seria vitaminada de banana.

Então, com certa dificuldade, atravessei a rua e comi uma coxinha, passando aos poucos a me sentir bem.Em casa, tomei um comprimido de Cefalexina 500 mg - tomei um banho e me deitei. 

A pressão caiu novamente, seguida de uma coceira por todo corpo, empolarando o corpo, coçava até a sola do pé. rsrs

Medi a pressão 9X5 e pensei: é agora, acho que vou fazer as malas ... e pensei nas pessoas virtuais que amo, ah se pensei! 

Meu irmão se aproximou e perguntou se eu queria ir na emergência, respondi que não, tomei outro banho com dificuldades e em seguida, tomei outro comprimido, agora pra dormir.

Antes de dormir, novamente me vinham a mente, os amigos, os virtuais. Adormeci e acordei com a minha mãe que foi chamada pelo meu irmão - eram 19 e 30 de sexta - feira. 

Ela havia colocado a pedrinha de sal embaixo da minha língua e o medidor de pressão estava ao lado de mim.

Depois disso, fiz uma reflexão sobre a importância das pessoas na vida da gente. E o mais importante foi: podemos amar quem nunca vimos visto que antes de pegar no sono foi nelas em quem pensei. Estou me recuperando aos poucos. Lindo sábado a todos. Paz e bem.

quinta-feira, 17 de maio de 2012

A Cartomante - Machado de Assis


Acreditam em cartomantes? Ciganas? Hummm, eu tinha tudo para acreditar pois minha avó por parte de mãe era cartomante. 

Chegavam muitas pessoas na casa dela: homens e mulheres ávidos por saberem o que o futuro lhes resevavam. Eu nunca tive curiosidade nem ela me  estimulava a saber.

O tempo passou e num dos momentos mais belos da minha vida, quis confirmar aquilo que na minha mente já estava consumado. 

Mas que decepção, viu? Na única vez que consultei minha avó, as cartas aniquilaram com meus sonhos, contudo pensei: "a vovó já está é delirando."

Ignorei a consulta e  fui concretizar o meu sonho. Nossa! Deu tudo conforme ela tinha visto nas cartas. Tudo que na minha mente estava sacramentado ruiu. 

Sendo evangélica, nunca mais quis consultá-la e minha avó por sua vez, aceitou a Jesus na terceira idade e abandonou a profissão.

Hoje, vou fazer um estudo a pedido de um aluno do Yahoo sobre o conto A Cartomante, de Machado de Assis; no Ensino Médio, eu só gostava de José de alencar mas chegando à universidade, conheci as obras do Machado e gostei muito por serem obras que falam da realidade dura, nua e crua.

Vamos começar com a análise estrutural da obra:

FOCO NARRATIVO: o conto é narrado em 3a. pessoa por um narrador onisciente.
Exemplo: "Camilo pegou-lhe nas mãos, e olhou para ela sério e fixo."

TEMPO CRONOLÓGICO: assim registrado pelo narrador:
 "Era a mesma explicação que dava a bela Rita ao moço Camilo, numa sexta-feira de Novembro de 1869."


ESPAÇOS GEOGRÁFICO: onde ocorre a história?
A História ocorre no Rio de Janeiro, na casa de Vilela, da cartomante e nas ruas por onde Camilo andou.
Exemplos:
Casa de Vilela: "Camilo teve medo, e, para desviar as suspeitas, começou a rarear as visitas à casa de Vilela."
Casa da cartomante: "No fim de cinco minutos, reparou que ao lado, à esquerda, ao pé do tílburi, ficava a casa da cartomante, a quem Rita consultara uma vez, e nunca ele desejou tanto crer na lição das cartas."
A rua onde morava a cartomante:
"— Onde é a casa?
— Aqui perto, na rua da Guarda Velha; não passava ninguém nessa ocasião. Descansa; eu não sou maluca."

PERSONAGENS:
Vilela - esposo de Rita. "Vilela seguiu a carreira de magistrado. (...) abandonou a magistratura e veio abrir banca de advogado."
Camilo -  "Camilo entrou no funcionalismo, contra a vontade do pai, que queria vê-lo médico; mas o pai morreu, e Camilo preferiu não ser nada, até que a mãe lhe arranjou um emprego público."
Rita - "uma dama formosa e tonta."
A cartomante - "Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos."

ENREDO: fácil de entender.
O tema do conto é o  triângulo amoroso e da infidelidade.  Camilo e Vilela eram amigos de infância mas ficaram muitos anos sem se verem. Vilela se tornou advogado e se casou com Rita, mais tarde, apresentou o amigo. O amigo passou a frequentar a casa de Vilela e começou a ter um caso com a esposa dele.  Como o marido parecia estranho, "sombrio, falando pouco, como desconfiado",  Rita resolveu consultar uma cartomante, contando ao namorado as previsões otimistas que ela lhe fizera. Camilo, o namorado, não acreditava em nada que não pudesse ser explicado pela razão, no entanto, recebeu uma carta anônima onde estava escrito que ele era  "imoral e pérfido, e dizia que a aventura era sabida de todos". Ele então passou a ficar inquieto, até que recebeu um bilhete do amigo, pedindo que comparecesse à casa dele "sem demora". Muitos pensamentos ruins passaram na mente dele e confuso, com peso na consciência, decidiu ir a casa do amigo. No caminho para lá, o tilburi encontrou obstáculo, parando pertinho da casa da cartomante e então, ele não resistiu e foi consultá-la. A cartomante o recebeu sorridente e disse-lhe que tudo terminaria bem, deixando o rapaz tranquilo, porém, ao entrar na casa de Vilela foi recebido com dois tiros à queima roupa, caindo morto ao lado do cadáver de Rita.
(Tilburi - tipo de charrete para duas pessoas, dirigida por um só).

CONCLUINDO: o leitor atento, vai lendo nos detalhes onde se encontram as verdades de Machado as quais passam despercebidas por um leitor desatento. Sucintamente ele afirma de Rita:

 "Camilo quis sinceramente fugir, mas já não pôde. Rita como uma serpente, foi-se acercando dele, envolveu-o todo, fez-lhe estalar os ossos num espasmo, e pingou-lhe o veneno na boca."  

E sobre Camilo: 

 "(...) era um ingênuo na vida moral e prática." 

Além disso, afirma sobre a cartomante:  

"Era uma mulher de quarenta anos, italiana, morena e magra, com grandes olhos sonsos e agudos." 

Sobre Vilela, basta sabermos que ele era advogado. Nesse triângulo amoroso, percebemos uma característica predominante nas obras do Realismo em oposição ao Romantismo: a razão prevalece sempre sobre a emoção. Camilo era cético e Rita supersticiosa. Há quem diga que a cartomante é a personagem principal e representa na obra a alienação do povo que até hoje, ainda crê  no místico e sobrenatural, advindos do senso comum. Deixo a critério de vocês decidirem se ela, a cartomante, era mesmo a personagem principal da obra, como sempre, o velho mago da literatura não nos dá pistas nenhuma sobre ela, a não ser o fato de o conto ter por nome, A Cartomante. Um beijo grande a todos.

segunda-feira, 14 de maio de 2012

As Mulheres Exuberantes vistas por Artistas Plásticos através do Tempo



"Não ame pela beleza, pois um dia ela acaba. Não ame por admiração, pois um dia você se decepciona. Ame apenas, pois o tempo nunca pode acabar com um amor sem explicação." 
(Madre Teresa de Calcutá)


Gosto muito de ver obras de arte porque elas retratam um tempo passado e nos mostram padrões, costumes e até fatos históricos de um tempo; então, os pintores são para mim, testemunhas de uma época. 

O quadro acima foi feito na Idade Média por Paul Rubens, da Bélgica pertencente ao estilo Barroco. Como vamos perceber, as artes plásticas estão diretamente relacionadas à Literatura. 

A arte barroca floresceu do sec XVI ao sec XVIII. Na literatura, o nosso grande e primeiro representante na poesia foi Gregório de Matos. Leiam este poema erótico dele:

O amor é finalmente ...

Gregório de Matos

O Amor é finalmente
um embaraço de pernas,
uma união de barrigas,
um breve tremor de artérias.

Uma confusão de bocas,
uma batalha de veias,
um rebuliço de ancas;
quem diz outra coisa, é besta.
Ardor em firme coração nascido;
Pranto por belos olhos derramado;
Incêndio em mares de água disfarçado;
Rio de neve em fogo convertido:

Tu, que em um peito abrasas escondido;
Tu, que em um rosto corres desatado;
Quando fogo, em cristais aprisionado;
Quando cristal, em chamas derretido.


Por isso, o poeta baiano foi tão perseguido pela igreja, ainda que tenha que escrito poesias religiosas também. Mas voltando ao quadro acima, será se esse  quadro não causou escândalos idênticos aos versos de Gregório devido ao poder que a igreja exercia na Idade Média? O importante é que ele escapou e chegopu até nós, né? rsrs ...


Observem agora este quadro do francês Renoir em pleno século XIX.  Há uma frase conhecida dele muito significativa:


"A dor passa, mas a beleza permanece".
(Renoir)


A frase acima certamente se refere ao fato de que a beleza se eterniza nas obras de arte. Este quadro pertence ao Impressionismo o qual corresponde ao estilo Impressionista na Literatura onde uma das característas é a busca do tempo perdido, através da impressão provocada pela realidade. Na nossa literatura o impressionismo aparece na obra O Ateneu, de Raul Pompéia.




Vamos ver outro quadro de mulheres, agora vem dos pincéis de Pablo Picasso que é considerado um dos mais importantes artistas plásticos da vanguarda européia, o Cubismo do século XX. A arte de Pablo Picasso causou espanto na sociedade, a elas ele respondeu:
 “Eu não pinto a Natureza como ela é, mas como eu a vejo”. 


 Aqui as meninas estão correndo na praia, um tanto sensuais. A literatura no Cubismo também retratou a fragmentação e a geometrização da realidade por meio da linguagem: as palavras são soltas e são dispostas no papel a fim de conceber uma imagem. Estamos agora no Modernismo e nosso representante na vanguarda foi Oswaldo de Andrade.



Prosseguimos agora conhecendo a mulher brasileira aos olhos de um famoso  pintor ainda da vanguarda cubista que participou da Semana de Arte Moderna (1922). Pelo quadro dá pra se ter idéia de quem se trata:



Não poderíamos de deixar de fora o Di Cavalcante cujo contexto literário é posterior ao Modernismo. Muitas mulheres foram retratadas por ele e sua pintura se aproxima muito à realidade. É dele esta frase:

"Criar é acima de tudo dar substância ideal ao que existe."

Fico por aqui, acabei esquecendo da hora. Um beijos grande em vocês.  \O/

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