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A morte é a nossa realidade e ninguém escapa dela. Convivo com ela desde a mais tenra idade, vi os irmãos de meu pai irem sendo tragados por ela um a um e familiares da minha também, no meio da vizinhança, ela sempre aparecia, fazendo as pessoas desaparecerem.
E o meu coração de criança ficava dia a dia mais solitário, triste e vazio. Sempre achei que morreria cedo, de tanto ver gente que morria perto de mim. Nunca a temi porque quando se leva uma vida de sofrimento, clamamos por ela mas ela não vem.
Contudo, quando ela chegar, espero que não me pegue de surpresa, por isso, perguntei-me hoje: O que poderia deixar, se nada tenho? Tenho as córneas e se elas puderem ser usadas, gostaria que as dessem a quem nunca enxergou, só para essa pessoa ter o prazer de se deleitar com ocolorido da vida. Podem pegar o coração e façam com que ele bata forte no coração de quem necessita. Lembrando sempre de que este meu coração é muito sentimental.
Depois de tirarem tudo, queimem o restante daquele que foi um dia meu corpo, espalhando as cinzas por cima da floresta; mas se decidirem enterrar o que foi um dia meu corpo, deixei uma lista para colocarem junto a ele. Nessa lista estão escritos os meus defeitos, para que a mãe terra possa dissipá-los abaixo de sete palmos.
E assim, o tempo há de passar e se um dia você se lembrar de mim, dê um auxílio a uma criança abandonada, assim que você puder. Como podem perceber não tenho herança pra deixar mas se meus órgãos forem doados e se esse ato de caridade for feito, continuarei estendendo a minha existência na luz do olhar de alguém e nas batidas de alguém que jamais me esquecerá. Lindo sábado a todos vocês.