Estamos chegando ao final do ano e o mês das festas começa a ser recebido pelo capitalismo com alegria porque dezembro é o mês das compras no qual as pessoas mais consomem e isso significa lucro e entrada de capital nos cofres de empresários.
Estive pensando nas classes desfavorecidas, nos desempregados e naqueles que vivem à margem da sociedade, os excluídos que andam pelas ruas, desnutridos, abatidos e sem esperança de que algo possa acontecer em prol da situação que vivenciam.
Há um poema de Manuel Bandeira que bem exemplifica a situação deplorável em que muitos se encontram e por causa disso perderam até o senso de humanidade:
O Bicho
“Vi ontem um bicho
Na imundície do pátio
Catando comida entre os detritos.
Quando achava alguma coisa,
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
Não examinava nem cheirava:
Engolia com voracidade.
O bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
Não era um gato,
Não era um rato.
O bicho, meu Deus, era um homem”.
Como podemos perceber esse é o fundo do poço para quem chega a essa situação de miserabilidade e é tratado com descaso pela sociedade capitalista. As datas comemorativas para essas pessoas não existe, o que existe é a busca diária nos lixos pela a alimentação como se fossem animais buscando sobrevivência na grande selva de pedra em que está inserido.
Por outro lado, vejo muita gente se programando para as ceias de natal e festejos de fim de ano, indiferentes a essa situação, pois no capitalismo selvagem prepondera o egoísmo e a indiferença em relação às pessoas.
O natal foi transformado numa data comercial em que o visual é mais importante que o essencial e o que prevalece é o jogo de aparência, o individualismo e o status quo do indivíduo e isso é incutido na mente de cada um através de uma ideologia que dá ênfase mais ao 'ter' do que ao 'ser'.
Fiquei aqui refletindo sobre a situação desesperadora em que muitos se encontram e cheguei à conclusão de que se os grandes capitalistas, os ricos e os milionários se prontificassem em doar um pouco à causa social, poderiam amenizar a situação dos excluídos.
Entretanto, no capitalismo cada um só pensa em si e o desejo real das pessoas é buscar a riqueza material sem se importar com o seu próximo e por isso, a vida humana que é sagrada e única é vituperada nesse sistema excludente, competitivo e desumano.
Assim, jamais conseguiremos viver numa sociedade justa e humana enquanto houver esse sistema econômico, mas se todos doarem um pouquinho, ajudando conforme puderem, será possível ajudar na construção de uma cidade mais humana e justa, afinal é de tijolo em tijolo que se erguem muros altos e fortes. Tenham um lindo dia, chove finalmente por aqui.