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sábado, 24 de agosto de 2013

Amor Perfeito e a Forte Chalana


Amor perfeito é essa plantinha cujas flores lindinhas e multicores alegram meus olhos. Eu as conheci em outras terras e me apaixonei perdidamente; nas primaveras da Suíça, elas brotam espontaneamente e como são delicadas, passava com cuidado para não machucá-las, até que me falaram para não ter tanto cuidado porque "amor perfeito" é plantinha de rama comum na região, sem valor pelos que veem.

Mesmo assim, continuei tendo os mesmos cuidados. Desde janeiro, andei tentando fazê-la brotar por aqui e ela brotou na fase de chuva, ela gosta de sombra, muita sombra e água fresca, porém o nosso clima tórrido a rejeita e por mais que tentasse protegê-la a minha plantinha por fim, morreu. É possível comprá-la, mas o cultivo não vai adiante.

Enternecida e triste por ter feito tudo para que ela vivesse e se fortalecesse tive que desistir de cultivá-la, a florzinha gosta de terras frias e aqui é muito quente.  Hoje ao acordar com o cântico dos passarinhos, que fazem a alegria das minhas manhãs, fiquei pensando em quantas vezes ficamos insistindo pelo amor de quem não tem para dar e decididamente cheguei à conclusão de que corações aquecidos de sentimentos jamais combinarão com corações frios. Esses são próprios de "terras frias".

Nesses casos, é melhor desistir porque ficar insistindo é prolongar sofrimento e eu prolonguei demais o meu ao ponto de quase perder o meu "amor próprio". O melhor é valorizar quem nos valoriza, quem nos quer bem, chegar a essa conclusão, depois de ter perdido tanto tempo, não é fácil. Assim, refleti e vi que perdi tempo e agora o que eu tinha a fazer é tratar de resgatar esse tempo perdido, por isso, comecei a olhar para as plantinhas cujas flores aguentam o clima daqui e não foi preciso grandes esforços para iniciar a cultivar outros sentimentos e o meu "amor perfeito" se transformou na mais simples flor da região, metaforicamente falando: a Chanana. Poucas pessoas dão valor porque ela é abundante e brota até nas calçadas mais duras e é disso que eu estava precisando: uma flor forte como eu e que estivesse bem pertinho de mim.

A Chanana
Creio que as grandes lições para nossa vida estão aí na natureza. Devemos tentar, insistir e dar a última chance, todavia não desperdicemos tempo, dando murro em ponta de faca, pois só vamos nos machucar. Só o fato de ter conseguido escrever essa mensagem sem dramas, dá-me convicção de que, desta vez, não arranquei só a raiz dos dentes os quais me fizeram sofrer semana passada, mas também de um outro sentimento que vinha me fazendo mal há alguns anos. Um beijo grande, repleto de pétalas de Chananas a todos os amigos que por aqui chegam.


quarta-feira, 21 de agosto de 2013

Nossas Fragilidades

"Onde há sofrimento há terreno sagrado." 
(Oscar Wilde)

Faz uma semana que extraí dois dentes, um por engano. Na verdade, não sabia de onde vinha a dor, pois as gengivas doíam, doíam também todos os dentes e o lado direito da face; durante essa semana, só foi sofrimento, ainda assim, teimosa como sou, fui trabalhar. Há um grupo de colegas lá que me fazem até gargalhar. Ontem foi diferente, a dor latejava e fiquei afastada dos outros, quietinha, orando com a mão no local da dor, dor física que se intensificou por fortes problemas emocionais. Sou frágil para dores interiores, não para dores físicas, então um colega chegou, perguntou o que se passava, pois não é costume, afastar-me dos demais. Forcei um sorriso e expliquei que estava orando em pensamento, não o convenci porque os olhos falam mais alto, por isso, expliquei um pouco o que acontecia sem entrar em detalhes. Para distrair, liguei o rádio e começamos a ouvir o jogo Nacional e Vasco,  o tempo foi passando e meio desligada do jogo, fiquei refletindo sobre a sensibilidade da gente diante do sofrimento emocional, mesmo sabendo que não podemos nos enfraquecer, ainda que a angústia dilacere o peito. Não sou de me abalar por qualquer coisa, quando criança, meu pai falava que diante das tribulações, eu deveria ser como as árvores gigantes da Amazônia, a samaúma e a castanheira as quais aguentam temporais, resistindo bravamente visto que possuem raízes profundas.

(samaúma)

Bem pertinho de casa, havia uma enorme castanheira e sempre que passava por ali, tomava cuidado, pois as castanhas são gurdadas na árvore numa espécie de cuia, ao cair pode machucar feio alguém.

(A árvore castanheira)

(os frutos são pesados)

Pois é, estou longe, muito longe de ser árvores desses portes. Penso que realmente as dores emocionais são piores que as físicas e o medicamento eficaz para elas são oração, ternura e amor. O amor sim, cura as feridas internas da alma eficazmente, sou a prova disso. Tenham um bom dia com muita fé em Deus e na vida. Beijos

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