Imagem: internet
Madruguei para a consulta de rotina de todo final de mês. Já havia muitas pessoas à espera mas ainda consegui uma poltrona isolada, tratei de me acomodar nela e comecei a ler uma revista que trazia na bolsa.
Um ventilador enorme soprava por sobre a minha cabeça, então, aos poucos quedei num sono profundo, indiferente à espera que teria que enfrentar.
Quantas horas passaram? O sono, irmão da morte, não tem relógio, por isso, não conta horas. Despreocupada, só despertei devido ao alarido de vozes exaltadas e palavras de baixo calão que ecoavam no local. Nesta hora, o hospital já estava com uma fila enorme, sem fim.
A discussão se dava entre um paciente, enfurecido e um funcionário, atendente, mais enfurecido ainda. Ambos pareciam duas carroças, descendo uma ladeira ingreme. Nesse instante, os demais pacientes, despertos da letargia da espera, observavam curiosos, o desenrolar do conflito.
No balcão onde o funcionário estava, havia uma placa com os dizeres: "seja paciente, espere a sua vez." Como a discussão estava a um ponto de terminar em agressão física, fui até eles e conversei com o funcionário extremamente descontrolado emocionalmente.
O funcionário muito tenso afirmou: "esse fdp me ameaçou e eu não estou aqui para aturar abuso de pacientes." Olhei firme para o funcionário e disse que quem deveria ser mais paciente e educado era ele, pois o homem parecia sofrer de distúrbios mentais.
Ele alegou que o sujeito o havia desacatado e que isso não ia ficar assim. Depois se virou a mim, e me disse alguns desaforos. kkkkkkkkk.
Agora era eu quem estava no fogo; numa paciência de Jó, expliquei a ele que também era funcionária pública mas diferente dele, sabia controlar situações de tensão porque tinha feito um curso de Relações Humanas e era exatamente isso que faltava a ele.
Afastei-me dali e voltei a esperar, agora em pé visto que uma idosa ocupou a poltrona onde eu estava. É um absurdo o que vemos nesses atendimentos do SUS: pessoas despreparadas para atender o público, mal humoradas e sem educação, com raras exceções, até parece que são donas do hospital.
Saí de lá perto de 14 e 30. Depois de ser atendida, cansada e com muita dor de cabeça e distante dali, ainda olhei para trás e senti uma pena danada do povo que estava na fila, esperando por um atendimento que talvez nem acontecesse a contento. Lindo sábado a todos.
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