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terça-feira, 5 de junho de 2012

Ritual Macabro








Raimundo desligou rapidamente o computador, era tarde e ele precisava organizar sua agenda de aposentado; casado há vinte e oito anos, era feliz com a esposa onde dessa relação nasceram três filhos. 

Como a vida não é perfeita,  ele tivera um sério problema com o filho João, o do meio, um rapaz que vivia revoltado, envolvido com drogas.

Esse conflito terminou em tragédia. Após uma discussão calorosa entre ambos, João saiu cheio de ódio e se dirigiu ao sítio da família e ali cometeu suicídio, acabando com a própria vida com um tiro na cabeça; a morte do filho gerou um problema ainda maior para o pai que se culpava interiormente pela morte precoce do rapaz.


A partir de então, esse pai se tornou inquieto e toda sua alegria foi dando lugar a uma imensa tristeza e diante da tragédia que acontecera, desistiu de procurar respostas  na ciência, buscando em vão nas denominações religiosas, a força para viver que lhe proporcionasse paz para a consciência.

Certa noite, ao entrar na internet, pesquisou sobre paz interior e encontrou um site no qual um grupo de pessoas de um círculo fechado prometia solucionar todo tipo de problema e, sem titubear, ele se afiliou a esse círculo.

Todo fim de mês,  Raimundo visitava seu único amigo e ficavam horas a fio relembrando o passado, evitando falar sobre o suicídio de João visto que a arma que o rapaz usou pertencia a esse amigo.


Na última vez em que fora visitar o amigo, Raimundo comentou que havia feito exames de saúde -  homem saudável, atraente, forte, todos os anos fazia exames e sempre tudo estava bem. 

Alegre, Raimundo confidenciou ao amigo que faria uma viagem para participar de um ritual do círculo fechado a que pertencia virtualmente. Caio, o amigo, advertiu-o sobre o possível perigo desses contatos virtuais, contudo, Raimundo já havia decidido que iria.

Então ele viajou sozinho pois a esposa evangélica não quis acompanhá-lo porque segundo ela, sua religião não aceitava esse tipo de contato com círculos fechados. 

Assim, ele partiu e ao chegar à cidadezinha, foi direto ao hotel onde o grupo se reuniu e combinaram fazer um ritual num cemitério abandonado, à meia noite, em total escuridão, visando obter vitórias na vida de cada um.

Todos deveriam levar uma lanterna e só ligá-la após tocar no túmulo mais próximo de si para ler o nome de quem estava sepultado, e dando prosseguimento ao ritual, fazer uma oração em prol da alma do finado, seguida de um pedido especial.


À meia noite em ponto, o grupo já estava no local e após o dirigente iniciar  o ritual, o grupo se separou um pouco e cada um escolheu um túmulo no escuro, ligando a lanterna. 

Raimundo sem querer, esbarrou num próximo a si, ele estava ansioso para orar e fazer seu pedido, queria livrar-se da culpa e viver em paz. Então, acendeu sua lanterna em cima da lápide, ao ler o nome ali escrito, estremeceu haja vista que estava escrito o nome completo dele com a morte registrada em Fevereiro de 1827.



Atordoado, saiu correndo dali, tropeçando entre as lápides, indo para bem longe do cemitério. Numa esquina sombria, naquela madrugada tenebrosa, esperou avidamente um táxi.

O primeiro que passou,  fez sinal e rumou para o hotel e em lá chegando, telefonou para uma agência de viagem e no outro dia, embarcou de volta a sua cidade. 

Logo que chegou em casa, comentou o ocorrido com a esposa que passou a orar pelo marido porque ele passou a ter sucessivos pesadelos.



Um mês se passou, Raimundo se tornou introspectivo, e apesar de se alimentar bem, começou a se sentir meio enfraquecido, a esposa  percebeu que ele estava empalidecendo dia e a dia e aconselhou-o a marcar consulta com seu médico. Exames foram feitos e nada fora diagnosticado.

Passaram-se mais três meses e Caio, o seu único amigo, ouviu o telefone tocar na madrugada todavia não tinha costume de atender telefone tão tarde devido aos constantes trotes que recebia. Ao amanhecer, olhou na secretária eletrônica e recebeu o seguinte recado: "seu amigo Raimundo faleceu."

Sem acreditar na mensagem, Caio telefonou para a esposa do amigo que confirmou o que acontecera, afirmando ainda que  no atestado de óbitos estava escrito: morte desconhecida. 

O velório ocorreu por toda manhã e num canto da sala, sem que olhos humanos pudessem ver, o espírito de  Raimundo, estarrecido, assistia o próprio velório, atônito, sem entender por que tudo aquilo fora acontecer justamente consigo. 




  (Imagens Internet)

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