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segunda-feira, 16 de setembro de 2013

Quem vai amarrarar o guizo no pescoço de Faro-Fino?

A Assembleia dos Ratos
 
-Um gato de nome Faro-Fino deu de fazer tal destroço na rataria duma casa velha que os sobreviventes, sem ânimo de sair das tocas, estavam a ponto de morrer de fome.
Tornando-se muito sério o caso, resolveram reunir-se em assembléia para o estudo da questão.  Aguardaram para isso certa noite em que Faro-Fino andava aos mios pelo telhado, fazendo sonetos à lua.
– Acho — disse um deles — que o meio de nos defendermos de Faro-Fino é lhe atarmos um guizo ao pescoço. Assim que ele se aproxime, o guizo o denuncia e pomo-nos ao fresco a tempo.
Palmas e bravos saudaram a luminosa idéia.  O projeto foi aprovado com delírio. Só votou contra, um rato casmurro, que pediu a palavra e disse — Está tudo muito direito.  Mas quem vai amarrarar o guizo no pescoço de Faro-Fino?
Silêncio geral.  Um desculpou-se por não saber dar nó.  Outro, porque não era tolo.  Todos, porque não tinham coragem. E a assembléia dissolveu-se no meio de geral consternação.

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Atribui-se essa fábula a Monteiro Lobato. Estava aqui terminando a minha faxina na madrugada e lembrei-me dessa fábula que nos traz lições preciosas para nossa vida prática, às vezes, é preciso que apanhemos para aprendermos determinadas lições. Pois bem, logo que me formei fui trabalhar numa escola, repleta de idéias revolucionárias em relação à luta pela qualidade de ensino e meu alvo era a rede estadual de ensino. Em lá chegando, escolhi minha metodologia inovadora, totalmente fora da tradicional de ensino e como sempre, idéias inovadoras encontram resistência. O problema é que nessa escola os professores eram tradicionais e muitos estavam próximos da aposentadoria. Um dia resolveram fazer uma reunião, sem a presença de ninguém da direção da escola e me convidaram a participar. Afirmaram que não concordavam com certas atitudes da direção e que precisariam tratar desse assunto na próxima reunião com todos presentes. Conversa vai, conversa vem e de repente, um prof. explicou que era necessário que alguém começasse o assunto, assim os demais dariam prosseguimento, reforçando o que a primeira pessoa falou. Mas quem iniciaria o assunto na reunião? Todos se calaram, olharam para mim e eu ingenuamente disse: "bom, se é por falta de alguém que inicie o assunto, não tem problema, eu começo". Assim ficou combinado e todos saíram contentes. No dia da reunião com todos presentes, era chegada a vez de os professores se manifestarem; eu levantei a mão e comecei o assunto. Quando terminei, a diretora perguntou, se alguém mais queria complementar o que eu havia abordado. Para minha decepção nenhum abriu a boca, então a diretora se virou para mim e disse: "parece que só você, professora, está vendo esse tipo de problema, vamos prosseguir a reunião." Ahaaa, nussss ... eu fiquei com a cara de tacho, totalmente sem graça, no entanto, desde esse dia, por mais que me convidassem para "reuniões" particulares não mais aceitei. Pelo o que lemos na fábula acima, os ratos medrosos conseguiram livrar a própria pele, o que não aconteceu comigo por ser imatura e ter ido na corda dos outros. Assim aprendi uma lição: muitas vezes, quem está nos atiçando muito, na verdade, quer ver mesmo é a nossa desgraça, como apanho uma só vez, nunca mais entrei nessa. Linda madrugada a todos e lembrem-se sempre: nada de ir na corda dos outros, pois coração dos outros é terra que ninguém anda, ou seja, não temos como saber as verdadeiras intenções deles, na dúvida, melhor se esquivar.

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