"O Realismo é uma reação contra o Romantismo: o
Romantismo era a apoteose do sentimento; - o Realismo é a anatomia
do caráter. É a crítica do homem. É a arte
que nos pinta a nossos próprios olhos – para condenar o que houver
de mau na nossa sociedade."
(Eça de Queirós)
(Eça de Queirós)
Grande obra da escola realista portuguesa que nos mostra a vida como ela é: dura, nua e crua ... rsrs. Romance que faz um inquérito da vida contemporânea portuguesa ou por que não dizer, da maior parte da sociedade indiferente ao país visto que o tema é universal?
Primeiramente precisamos deixar claro que o alvo do romance O Primo Basílio, de Eça de Queirós é o ataque à hipocrisia da família burguesa de Portugal. Para isso, o escritor vai narrar um caso de adultério, talvez inspirado em Madame Bovary, de Gustave Flaubert que deu início a escola realista em 1857 - causando escãndalo na vida social francesa da época. A obra foi parar nas telonas tal qual O Primo Basílio.
ANÁLISE DA OBRA:
FOCO NARRATIVO: a obra é escrita em terceira pessoa, por um narrador onisciente, isto é, aquele que escreve, dirigindo o leitor para o seu ponto de vista com o intuito de induzi-los a pensar sobre o comportamento dos personagens os quais agiriam conforme a influência do meio.
ENREDO: O Primo Basílio é um romance profundamente realista cuja realidade esmaga o sentimentalismo e as carências afetivas da personagem principal, Luísa, o que é normal em se tratando de uma obra pertencente à escola do Realismo que chegou como crítica à escola romântica.
Logo no início, a obra apresenta a vida de Luísa e Jorge, um casal feliz a quem falta apenas um filho por ambos desejado. Mas Jorge parte a negócios para Alantejo e Luísa, solitária, se aborrece com a ausência do marido até a chegada de seu primo e primeiro amor Basílio.
Basílio havia viajado para o Brasil, depois de se ver arruinado financeiramente e abandonado por Luísa. Após sete anos, voltou a Lisboa em melhor situação financeira. Ao rever a prima, passa a desejá-la para uma aventura com a intenção apenas de abrandar-lhe o tédio pois passaria na capital somente o tempo para realizar negócios - ele detestava a vida provinvianma.
Assim, Basílio passa a assediar a prima que cedee às falsas afirmações de paixão, declarada por ele e julgando amá-lo, comete adultério. O caso é descoberto pela criada Juliana, mulher ressentida, invejosa e frustrada que procura por uma prova da traição e encontra uma carta de um dos amantes.
De posse da carta, Juliana passa a chantagear a patroa. Abandonada pelo amante que foge para Paris, Luísa não suporta tanta pressão por parte da empregada, mais o desprezo do amante e morre.
PERSONAGENS PRINCIPAIS:
Luísa, Basílio, Jorge e Juliana são os personagens centrais da obra.
Luísa, personagem frágil, sentrimentalista, romântica e ociosa. Passava horas lendo romances. Nela percebemos uma dura crítica ao Romantismo.
Basílio: irresponsável, cínico, julgava-se superior a todos e as mulheres para ele eram apensa tidas como objetos sexuais.
Jorge: homem calmo, responsável, compromissado com a família mas acima de tudo, humano pois se reage com revolta ao saber da traição da esposa, a perdoa e faz de tudo para que ela não morra.
Juliana: invejosa, curiosa, encontrou o segredo que tanto precisava e de posse dele, fez a patroa virar serva sua.
PERSONAGENS SECUNDÁRIOS:
Conselheiro Acácio, Dona Felicidade, Ernestino, Julião Zuzarte e Sebastião.
ESPAÇO ONDE OCORRE A HISTÓRIA:
Há dois espaços geográficos na obra: Lisboa e Paris. Em Lisboa o autor expõe as personagens principais. Paris é o cenário dos encontros infiéis entre Basílio e Luísa. Mas para desgraça de Jorge , não podemos deixar de mencionar o Alentejo, o espaço que
rouba Jorge de Luísa, deixando-a num marasmo sem fim.
CONCLUSÃO:
O Primo Basílio é um romance de Eça de Queirós. Publicado em 1878 onde critica duramente a família burguesa do sec. XIX de Portugal. A crítica à escola romântica é latente na figura de Luísa que por não ter o que fazer, passa o tempo lendo esse tipo de literatura que a conduz a um estado de alienação onde a razão deixa de comandar seu pensamento, lançando-a a um idelaismo romântico cujo ápice culmina em infidelidade com o primo cafajeste e posteriormente, o preço pago com a própria vida. O tema não deixa de ser atual pois aborda essa questão pertinente aos dias de hoje - embora atualmente o fato de ser infiel parece ser visto de forma normal visto que ser infiel por mera aventura, já é rotina de muitos. Portanto, a corrupção da família demonstrada por Eça de Queirós continua mas já não é vista como um pecado abominável, talvez, devido à frieza de corações materialistas inatingíveis pela graça do amor. O autor representante da escola realista cumpriu seu papel de nos mostrar a vida como ela é.
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