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sábado, 13 de fevereiro de 2016

Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ O homem palmeira Ƹ̵̡Ӝ̵̨̄Ʒ



Na quarta-feira de cinza, saí para dar uma voltinha no centro da cidade, olhar o rio Negro repleto de embarcações que partiriam para Belém ou para o interior do estado do Amazonas. De onde eu estava, podia ver gente que descia e subia a escadaria, uns chegavam outros iam; o tempo é de estiagem e por isso, o rio Negro está bem abaixo da barragem e por isso, a areia da praia já estava formada o que preocupa as autoridades visto que poderemos ter uma seca prolongada, levando em conta que a época por aqui seria de chuvas constantes e isso não está ocorrendo. Ao longe, do outro lado do rio, vi a exuberância da selva, lá, tudo está verdinho e as  árvores altaneiras contrastam com a cor Coca-Cola do Negro. Depois de ficar ali, debruçada na muralha que separa o rio do Mercadão, fui passear no interior do mercado. Há praticamente de tudo nesse local, e na verdade, Mercadão é o apelido do Mercado Municipal Adolpho Lisboa, construído todo em art nouveau e inaugurado em 1883. Gosto de ficar passeando e olhando as artes feitas manualmente, às vezes compro algum trabalho que me chamou muito a atenção especialmente os feitos em madeira. Depois, fui tomar um suco, ao ar livre e fiquei pensando na vida, quando se aproximou um homem humilde aparentando uns cinquenta e poucos anos, carregando um saco com muitas mudas de palmeira asiática rabo de peixe. Ele saiu oferecendo e a dona da lanchonete começou a ironizar afirmando que as mudas eram de algum charco regional e não tinha nada de asiática. Então o homem começou a falar feito um biólogo, conhecedor de tudo o que é palmeira e isso me chamou muito a atenção. Como podia um homem tão simples ir nomeando palmeira por palmeira, até as que ornamentavam o mercadão, falando a origem de cada uma? E foi assim que ele completou o discurso: "dona, essa palmeira que vendo é original e no comércio de plantas, a senhora não vai encontrar por menos de oitenta reais a muda, eu estou vendendo a dez reais porque preciso pegar dois ônibus". Dito isso, eu fiz sinal e ele veio ao meu encontro, comprei uma muda e comecei a especular como ele sabia tanto sobre palmeiras. A conversa foi agradável e eu, pensando comigo mesma, confirmei o que sempre defendi: aprendemos a todo momento, seja com pessoas letradas, com crianças e também com pessoas que nunca tiveram a oportunidade de frequentar uma escola, tal como foi o caso do homem citado. Abraços afetuosos a todos. 

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