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segunda-feira, 9 de março de 2015

Eu e você - A Catedral - Alphonsus de Guimaraens



Hoje senti saudade das aulas de literatura do curso de Letras e veio à mente um poema de Alphonsus de Guimaraens que retrata fases da nossa vida: as ilusões da juventude até chegar ao auge da maturidade, tempo que, para o eu lírico, é marcado pela agonia e pelo sofrimento que se cristalizam em seus próprios sonhos. A religiosidade está presente e o gosto pela luz também, no entanto, tal luz, está no exterior, pois o interior do eu lírico, neste poema, está imerso em total escuridão no final do poema. O que me chama a atenção é o refrão do sino sempre a repetir: "Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!" como se fosse um coro de igreja, bem comum na Igreja Católica. Observamos aqui a personificação, ou seja, uma figura de linguagem conferindo a um objeto sentimentos inerentes ao ser humano, não só em relação ao sino que se expressa falando e lamentando a sina do eu lírico, mas também à catedral que representa o próprio eu lírico solitário. 

A Catedral



Entre brumas ao longe surge a aurora,
O hialino orvalho aos poucos se evapora,
Agoniza o arrebol.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu risonho
Toda branca de sol.



E o sino canta em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"



O astro glorioso segue a eterna estrada.
Uma áurea seta lhe cintila em cada
Refulgente raio de luz.
A catedral ebúrnea do meu sonho,
Onde os meus olhos tão cansados ponho,
Recebe a benção de Jesus.



E o sino clama em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"



Por entre lírios e lilases desce
A tarde esquiva: amargurada prece
Poe-se a luz a rezar.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Aparece na paz do céu tristonho
Toda branca de luar.



E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"



O céu e todo trevas: o vento uiva.
Do relâmpago a cabeleira ruiva
Vem acoitar o rosto meu.
A catedral ebúrnea do meu sonho
Afunda-se no caos do céu medonho
Como um astro que já morreu.



E o sino chora em lúgubres responsos:
"Pobre Alphonsus! Pobre Alphonsus!"


___________

Quantas vezes nos sentimos assim, tristes e solitários devido a experiências da vida? Hoje eu me senti assim, porém não fico presa a vicissitudes da vida por muito tempo. Quando entro neste caos, já sei como sair. Boa tarde, paz e bem a todos.



4 comentários:

  1. Olá! Eu também me sinto assim. As vezes volto a alguns anos atrás , e na maioria das vezes, queria voltar atrás, apagar os erros que eu fiz. Mas, não tem como.

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  2. O passado não volta. Não podemos nos torturar por isso, lembrar é normal. Bjinhos

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  3. Uso dizer: Lamentar uma dor passada, no presente,
    é criar outra dor e sofrer novamente.
    Sempre é preciso saber quando uma etapa chega ao final. Se insistirmos em permanecer nela mais do que o tempo necessário, perdemos a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos - não importa o nome que damos, o que importa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
    Foi despedido do trabalho? Terminou uma relação?
    Deixou a casa dos pais? Partiu para viver em outro país?
    A amizade tão longamente cultivada desapareceu sem explicações?
    Você pode passar muito tempo se perguntando por que isso aconteceu. Pode dizer para si mesmo que não dará mais um passo enquanto não entender as razões que levaram certas coisas, que eram tão importantes e sólidas em sua vida, serem subitamente transformadas em pó. Mas tal atitude será um desgaste imenso para todos: seus pais, seu marido ou sua esposa, seus amigos, seus filhos, sua irmã, todos estarão encerrando capítulos, virando a folha, seguindo adiante, e todos sofrerão ao ver que você está parado.
    Ninguém pode estar ao mesmo tempo no presente e no passado, nem mesmo quando tentamos entender as coisas que acontecem conosco. O que passou não voltará: não podemos ser eternamente meninos, adolescentes tardios, filhos que se sentem culpados ou rancorosos com os pais, amantes que revivem noite e dia uma ligação com quem já foi embora e não tem a menor intenção de voltar.
    As coisas passam, e o melhor que fazemos é deixar que elas realmente possam ir embora. Por isso é tão importante (por mais doloroso que seja!) destruir recordações, mudar de casa, dar muitas coisas para orfanatos, vender ou doar os livros que tem. Tudo neste mundo visível é uma manifestação do mundo invisível, do que está acontecendo em nosso coração - e o desfazer-se de certas lembranças significa também abrir espaço para que outras tomem o seu lugar.
    Deixar ir embora. Soltar. Desprender-se.
    Ninguém está jogando nesta vida com cartas marcadas, portanto às vezes ganhamos, e às vezes perdemos. Não espere que devolvam algo, não espere que reconheçam seu esforço, que descubram seu gênio, que entendam seu amor. Pare de ligar sua televisão emocional e assistir sempre ao mesmo programa, que mostra como você sofreu com determinada perda: isso o estará apenas envenenando, e nada mais.
    Não há nada mais perigoso que rompimentos amorosos que não são aceitos, promessas de emprego que não têm data marcada para começar, decisões que sempre são adiadas em nome do “momento ideal”. Antes de começar um capítulo novo, é preciso terminar o antigo: diga a si mesmo que o que passou, jamais voltará.
    Lembre-se de que houve uma época em que podia viver sem aquilo, sem aquela pessoa - nada é insubstituível, um hábito não é uma necessidade. Pode parecer óbvio, pode mesmo ser difícil, mas é muito importante. Encerrando ciclos. Não por causa do orgulho, por incapacidade, ou por soberba, mas porque simplesmente aquilo já não se encaixa mais na sua vida. Feche a porta, mude o disco, limpe a casa, sacuda a poeira. Deixe de ser quem era, e se transforme em quem é... Abraço te espero no Yahoo... Wilker.
    A proposito, vou seguir seu blog, um lugarzinho gostoso de ficar e aprender coisas nova... Faço-te o convite de seguir o meu... uanderesuacronicas.blogspot.com.br

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  4. Verdade. Só quem já passou por separação, sabe como reagir a outras que virão. Obrigada por estar aqui. Vou lá, visitar o teu blog. Bjinhos

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