E nem te comoves o pranto que verto em silêncio por ti ...?
Em cada esquina um soco
em cada passada um espinho
incomodando, rasgando, sangrando ..
A vida é sufoco, um grito louco, surdo, tarde da noite
a morte é real, é certa, não erra sua seta, sinto- a perto
neste inferno de viver - o meu deserto ..
a vida é doença maldita .. a dita .. que pisa
que fere, carrasca .. madrasta .. cruel !
Por que a morte não chega e me leva ?
O que faço aqui, ó, meu Deus ?
Por que tanto padeço, eu não mereço
sofrer tanto assim ... leva minha alma, ó Senhor !
Para longe de tudo, me apaga a memória
e faça com que eu esqueça de mim ...
- Meu grito calado, angustiado, aguento
e as lágrimas que lavam clementes meu rosto
expressam serenas meu triste desgosto !
E me diga, ó, Senhor, o que foi que eu fiz ?
para merecer essa dor e essa decepção ?
Ah ! Meu Deus - eu prefiro morrer ...
evaporar, virar pó e sumir, fenecer
desaparecer - e não voltar mais aqui !
Se em trevas profundas estou
dê-me de volta minha paz que acalma
meus soluços são dores de amor
cujos ecos são prantos da alma !
