É ... eu avisei: não estou bem. Passo por problemas, não consigo dormir. E tu ignoraste. Quase morri já por duas vezes. Na primeira, justiça seja feita, interagiste legal, cumplicidade é tudo e pode salvar uma vida. Mas o deserto desse mês, necessário a minha recuperação, ah ! como foste omisso ! E andei por aí, em altas horas, sozinha, no silêncio da noite a meditar: isso é amar ? e o teu silêncio em resposta me deixou exposta a vil solidão e a pensamentos hostis. E quando eu mais precisei de atenção - viraste as costas. Sabes o quanto te procurei, simplesmente para falar dos meus medos ? Muitas vezes ! E muitas vezes, desesperada, bati no vazio, na frieza de teus olhos distantes. Alma minha que buscou refúgio em ti, desmoronou. Chegou ao pó e encontrou apenas o cantar dolente do teu silêncio, no vácuo, na dor, na solidão a me amedrontar mais ainda. Há muito egoísmo nas pessoas de duro coração, contudo, coração duro, um dia quebra, se arrebenta no mar da própria maldade. Por entre caminhos de espinhos minha alma andou ... Entretanto com um canto silencioso vindo de ti, ela se libertou e aprendeu a enxergar alto que nem águia, sim, está tudo tão claro e foi uma difícil lição, assimilada na pedra de um indiferente coração e agora ? E agora ? Bem, foi preciso o teu silêncio, numa hora de precisão, no momento em que mais precisei de ti, é .. eu vou firme pra frente, segurando o meu presente e não sei o que me reserva o futuro, os exames que fiz falam por si. Vou encarar mais essa e só te digo isso: siga com teu egoísmo, sim, vá e se por acaso um dia a tristeza bater à porta da tua alma, não se entregue a ela, divirta-se pois esta foi uma escolha tua. E eu sigo livre e transparente, com a alma nua e iluminada, aonde quer que meu Deus queira que eu pouse e repouse ! Tudo isso eu consegui, com o teu silêncio, vivenciados em horas difíceis, quando eu mais precisei de você.
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