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sexta-feira, 12 de junho de 2015

Por que Mentias? Álvares de Azevedo - Comentário


Desde muito cedo, li as poesias do estilo Romantismo, sempre gostei e mesmo sendo tão jovem, gostava dos poemas. Eu encontrava livros numa velha estante da minha avó e passava horas lendo aos 12 anos de idade. Por que mentias é um poema de Álvares de Azevedo, poeta da segunda geração da escola romântica também conhecida como Ultrarromantismo ou Mal do Século. Essa geração foi marcada pelo pessimismo, saudosismo, solidão, evasão, idealização do amor e da mulher. Além disso, era uma geração revoltada com a época em que viveu e por viver intensamente, a morte era prematura e vista como forma de se livrarem do sofrimento. Manuel Antônio Álvares de Azevedo, poeta, contista, dramaturgo e ensaísta  é o nosso maior e melhor representante dessa geração que morreu aos 21 anos, deixando obras que lembram os dias hodiernos. Paulista, nasceu em 1831 vindo a falecer em 1852 no Rio de Janeiro. Sua obra mais conhecida na poesia é Lira dos Vinte Anos. Vamos ler então, o poema Por que mentias:

Por que mentias?

Por que mentias leviana e bela?
Se minha face pálida sentias
Queimada pela febre, e se minha vida
Tu vias desmaiar, por que mentias?

Acordei da ilusão, a sós morrendo
Sinto na mocidade as agonias.
Por tua causa desespero e morro...
Leviana sem dó, por que mentias!

Sabe Deus se te amei! Sabem as noites
Essa dor que alentei, que tu nutrias!
Sabe esse pobre coração que treme
Que a esperança perdeu porque mentias!

Vê minha palidez - a febre lenta
Esse fogo das pálpebras sombrias...
Pousa a mão no meu peito! Eu morro! eu morro!
Leviana sem dó, por que mentias?

Comentário

Nestes quartetos, o eu lírico caracteriza a mulher de forma ambígua porque, logo no primeiro quarteto, ele a insulta e elogia: "Por que mentias leviana bela?". Certamente ela o trocou por outro. Depois, a acusa de ser ingrata, insensível não merecedora do amor que ele a ela dedicou. Nesse sentido, exprime a consequência extrema de um amor não correspondido: "Por tua causa desespero e morro..." / "Pousa a mão no meu peito! Eu morro! eu morro!". Como podemos averiguar, o eu lírico expressa na poesia o sentimento de amor não correspondido o qual faz qualquer um se sentir rejeitado e a decepção é uma ferida cujo único medicamento eficaz é o tempo - e como ele passa lento para quem sofre as dores de amor.



2 comentários:

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